sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ferro e o Aço - 3

Cigarra e a Formiga

Uma das fábulas mais carimbadas da literatura infantil, que apesar de suas varias versões sempre revelam a mesma moral, a dignidade do trabalho duro, a importância de se programar e a recompensa do esforço diário. E ainda dependendo do final da leitura pode refletir no sarcasmo como em La Fontaine ou ainda na compaixão (característica humana) da formiga em outros textos.

O resumo é o seguinte, durante o ano todo, a cigarra canta enquanto a formiga trabalha, acumula alimento e se organiza contra os males do tempo. O inverno chega, a cigarra começa a passar fome enquanto no formigueiro todas as formigas estão bem protegidas e alimentadas. A cigarra passando fome vai até a porta da casa das formigas para pedir um pouco de comida para não morrer nesse tempo de escassez.

Neste ponto a história pode divergir. A compaixão da formiga pode oferecer um pouco de abrigo e comida, ou ainda a formiga pode ser irônica como Bocage escreve:

A formiga nunca empresta,

Nunca dá, por isso junta.

- "No verão em que lidavas?"

À pedinte ela pergunta.


Responde a outra: - "Eu cantava

Noite e dia, a toda a hora."

- "Oh! bravo!", torna a formiga.

- "Cantavas? Pois dançe agora!"


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ferro e o Aço - 2

A raposa e o porco-espinho

Segundo o ditado grego: “A raposa conhece muitas coisas, mas o porco-espinho conhece uma só e muito importante.”

Dizem que a raposa pode inventar inúmeras estratégias diferentes para pegar o porco-espinho, mas este usando de uma única tática sempre escapa do ataque da raposa.

Existem vários livros sobre raposas e porcos-espinhos, inclusive alguns de auto-ajuda, mas o meu destaque é para um ensaio filosófico de Isaiah Berlin com o mesmo titulo, onde ele define vários escritores e filósofos como raposas ou porcos-espinhos, e ainda analisa com mais profundidade o russo Liev Tolstói que em seu ponto de vista é um porco-espinho que se achava uma raposa.

Não entrando em detalhes, mas explicando a possibilidade com um exemplo irônico temos o Firefox (browser) e os navegadores Chrome e IE (Google e Microsoft). Ao compararmos as empresas temos o Firefox (Mozilla) não como uma raposa flamejante, mas como um mero porco-espinho, ao passo que o Google seria uma raposa por excelência. Mas ao analisar só os navegadores, suas opções e suas possíveis customizações concluímos que a especialização do porco-espinho é bem maior que das raposas, ressarcindo por direito o título de raposa, portanto o Firefox pode ser visto como um porco-espinho, por só saber uma coisa importante, ou como uma raposa dentro das suas possibilidades.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ferro e o Aço - 1

Algumas considerações sobre auto-ajuda, pessoas e fazer tudo errado, sempre.

O Ferro e o Aço

Bem antes de ler o livro “Quem Mexeu no Meu Queijo?” de Spencer Johnson meu pai já havia me contado alguma coisa sobre pessoas. Em minha adolescência ele me contou uma parábola sobre o Ferro e o Aço.

Naquele tempo pensei que toda sua explanação fora uma tentativa de mudar meu comportamento, repousar aquele radicalismo presente na juventude que “é” capaz de criar diamantes de pedaços de vidro. Eu pensava que havia entendido tudo o que ele queria dizer sobre as pessoas e naquele momento até desejei respirar um pouco de carbono, mas eu era ferro, puro.

Olhando em meus olhos com uma voz calma capaz de me irritar profundamente ele dizia que a diferença básica entre o ferro e o aço é que o ultimo é mais maleável, mais fácil de ser moldado sem se romper, mais adaptável. Consequentemente de maior valor econômico. Disse que eu deveria se tornar uma liga de aço para com as ideias adversas às minhas.

Hoje, depois de oxidar um pouco entendo o que meu pai fez, ele me alertou sobre algumas características presentes nele, no pai dele e principalmente em mim (pelo ponto de vista subjetivo). Dentro do daquilo que acreditamos, nós, eu, não somos anêmicos, somos de ferro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

“Palavras” Armadas

Criado uma síntese de que tudo pode-se adequar à regras e leis, estamos perplexos de achar que devemos segui-las, principalmente para entrar no eixo de propostas mediante as crises, na maioria das guerras existem duas divisões uma causada por fanáticos religiosos que andam com bombas amarradas em seus corpos lutando por uma terra livre, e assim deixam de enxergarem que existe um abismo de quem tem dinheiro, e de quem nem água tem para beber. E o outro está relacionado a interesses comerciais de nações ricas pouco se importando com o bem estar coletivo, considerando que um homem armado pode fazer mais pessoas ouvir o que ele diz, do que sem tem de balas em sua arma, nesse caso não se trata apenas de palavras mais sim de um estado totalitário em que os seres-humanos estarão sempre sujeitos.
A pagar com suas vidas para ganhar dignidade, é claro depois de mortos, se ao menos fosse política poderia se negociar? Esqueçam seria uma política corrupta e imunda, mais desprovidos de proteção e qualquer tipo de informação sabendo-se que o risco de tentar alguma manifestação logo acabara na ponta de uma AK-47, não haverá propósitos a serem alcançados nessas condições, em que o orgulho está matando inocentes, e inocentes morrendo sem ter opções.

domingo, 11 de outubro de 2009

Ensaios de uma vida em português - 2

Você me ligou, eu olhei o relógio
O carro está lavando
E você chega com aquele olhos

O tempo corre, fizemos o que não deveríamos
Acende o cigarro
A brisa fresca da janela

Mas agora estou pensando
No final do romance


Nada é como antes
Mas você está tentando
Ser, definitivamente

Eu nunca sei
O que deveria saber
Aquilo que era importante

Já fiz minha escolha
Escrevi os memoriais


Você tem medo, Quem tem medo é você
Aconteceu o que eu esperava
Do jeito que eu queria

Senti saudades sem palavras certas
A porta ficou aberta
E o quarto permanece escuro

Dancei sem querer dançar
Nas linhas tortas do meu coração

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ensaios de uma vida em português - 1

Você me olhou, eu olhei para o chão
A comida no fogo está queimando
E você vem e me abraça

O tempo passa, o suor na testa
O grilo faz cricri
Deve ser esse balanço de seu vestido

Agora estou confuso em derredor
De como seria nossa história

Eu digo faço a pipoca e você pega o filme
Mas a pipoca queimou
E o filme está acabando

Eu contava em decimal
Aquilo que era um mol
Quando me perguntava do livro novo

E agora estou correndo atrás
De como tudo deveria ficar

Você apareceu em algum dia da semana
E tudo costumava ser como deveria ser
Como a minha mão em sua luva

Fiz uma viagem que brilhava como ouro
Agora três cigarros e um copo de cerveja
Para esquecer

Estou pensando seriamente
No final da prosa