quarta-feira, 29 de abril de 2009

bem vindo ao clube

Há certas horas que só queremos a mão no ombro,
um abraço apertado ou mesmo o estar ali.
Quietinho, ao lado, sem nada dizer...
Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos faça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis,
nos seja de uma sinceridade inquestionável...
Que nos mande calar a boca
ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:
Acho que você está errado, mas eu estou ao seu lado.

Willian Shakespeare

terça-feira, 28 de abril de 2009

The Stranger

Toda vez que não consigo esperar o amanhã eu me lembro de Werther deixando seu diário para ver Carlota. Como eu posso ser tão impulsivo e ao mesmo tempo enrolar tanto.

Nas próximas linhas irei espoliar o final do livro O Estrangeiro de Albert Camus, portanto se tiver alguma intenção de conhecer esse livro incrível nao leia a partir deste ponto.

"Também eu me sinto pronto a tudo reviver. Como se esta grande cólera me tivesse limpo do mal, esvaziado da esperança, diante desta noite carregada de sinais e de estrelas, eu abria-me pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Por o sentir tão parecido comigo, tão fraternal, senti que fora feliz e que ainda o era. Para que tudo ficasse consumado, para que me sentisse menos só, faltava-me desejar que houvesse muito público no dia da minha execução e que os espectadores me recebessem com gritos de ódio."

BRAVO!


Servil - versao 1

Contemplou os olhos da satisfação cortejando a felicidade, mas foi a tragédia que lhe mostrou os dentes.

Não mediu esforços, beijou e sorriu, não pegou atalhos, acenou e chorou, e foi nas planícies de verão que ele vacilou e de joelhos caiu, mas levantou e continuou seu caminho.

Chegando a Porto Carlos sonhou com uma musica comum. Pensou que sua primeira grande jornada havia começado.

Colocou suas mãos na cabeça procurando o seu chapéu.

(...)

Escutou por inúmeras vezes Ma vie em Rose, mas não entendia francês.

Depositou sua sorte naquele simples pé de coelho que ganhara de sua mãe no dia em que nasceu.

Cortou seus pulsos em busca da luz.

Fulgor solar ofuscou sua visão.

Pensou em Sibyl, se perguntou por que ela deixara de ser Julieta. Adormeceu ao relento na brisa mais fria de outono. Em seu sonho vislumbrou duas esmeraldas sem alma. Ao abrir os olhos percebeu que estava preso, a cor de seu corpo era Cinza. Ainda podia sentir as batidas de seu coração, ainda podia ver o movimento das nuvens acima das montanhas mais altas. Mas seu corpo não respondia, havia fitado os olhos do pecado e seu corpo já era pedra, aceitou sua maldiçao, carregou seu fardo, assumiu a culpa, chorou e no fundo de seu espírito com toda a força de seu coração deu seu grito de redenção, “Almas definitivamente não congelam”.

Viveu assim, até o fim dos dias.

(...)

Na voz de um veterano ofegante


Não seria justo, por isso estou escutando Ludovic.

E como o Hélio falou, eu assino em baixo, uma das melhores bandas que conheci.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ódio/Amor - Perfeitos

Por varias muitas razoes passadas quero criar esse post, no entanto hoje o tempo é curto por isso deixo apenas notas parar eu nao esquecer:

Se concordar com a Perfeiçao do Amor de Albert Camus tenho que admitir que odeio e repudio com toda perfeiçao esses amores.

Já tive alguns amores perfeitos e outros amores importantes e perfeitos, mas de todos que ja senti somentes os imperfeitos tocaram meu coraçao. Por isso rejeito de todo com todas as forças a superfilosofia dos amores perfeitos.

No entanto Goethe e os romanticos estao certos em escreverem sobre os seus amores perfeitos, pois sao tragédias nao pecados.

Por isso o fogo continua a queimar todas minhas veias...

E a todos os imperfeitos, passados e futuros, Beijos e Abraços, prazer eu sou Saikai Koala Guitar.

sábado, 25 de abril de 2009

Shift / Decisões Ordinárias

“Amor é tipo leite.

Tem prazo de validade curto e azeda muito rápido.

E longa vida tem conservante.

Uma mentira embalada.

Só parece seguro porque está em uma caixinha.

Depois que abre é igual a qualquer outro.

Não sei como chorei por aquela ridícula da escola.

Ela era horrível.

Amor é tipo isso, derivado de leite com embalagem bonita na geladeira do mercado.

Você quer muito, as vezes fica doente de vontade, mas depois que bebe vê que nem foi tudo aquilo.

E sem as embalagens, no fundo, danone, queijo, manteiga... é tudo a mesma merda.

Fica lá em você boiando até sumir.

Teu corpo absorve o bom.

E o ruim vai embora.”


Esses são fragmentos do livro Os Funerais do Coelho Branco do Nenê Altro, que por algumas vezes utilizei para confortar corações. A diferença de hoje é não quero confortar nada, não ligo para teoria do café/leite. Hoje a única coisa que importa é:

"Você quer muito, às vezes fica doente de vontade, mas depois que bebe vê que nem foi tudo aquilo."

Sartre dizia que o Homem está condenado a ser livre, dizia que sempre que engajamos na causa escolhemos o melhor. E eu sempre concordei com ele.

Mas a distancia deste ponto inicial para um resultado final desejável é infinitas vezes maior que a tênue linha do amor e ódio, comédia e tragédia, felicidade e tristeza.

Eu estava triste, agora estou feliz. As últimas decisões não foram agradáveis e o resultado também não foi favorável e ainda sim meus pulmões encheram com a paixão da tragédia.

Há vários anos atrás fiz uma escolha para um final desejável que se tornou o pior veneno de tristeza para meu coração. Comédia que desenhei por meses.

Injetei um anestésico em minha cabeça nos meus primeiros dias de vida que por fim desperta toda cólera de hoje.

De algumas escolhas tenho arrependimentos das outras dou risada essa noite, mas no fim eu não tenho vocação para advogar, : )

Só gostaria que algumas dessas decisões viessem em duas vias e com a palavra EXTRAORDINÁRIA na frente.

Seguimos então com o acaso e a sorte.


Saiki Koala Guitar



sexta-feira, 24 de abril de 2009

The Last Time I Saw Her

06 de setembro...

Eu já tinha desenvolvido a teoria da poeira estrelar, teoria que hoje não me proporciona nenhuma resposta, teoria que não tenho recordações.

Ela falava de um jeito engraçado, espontâneo e doce, ficava brava com pequenas coisas, fazia bico quando estava emburrada, e ainda sim sorria para mim.

Eu era um garoto, um tonto (como ela dizia), que sem pernas corria. Um eterno aprendiz (como ela zombava), que cantar não sabia.

Ela fazia conchas com as mãos, dançava e se escondia, lembrava e se esquecia. Para ela o mundo não era o bastante, e nem a distancia muito grande.

Eu tinha uma dor esquisita na palma da mão, sentia medo, meu corpo tremia quando sua voz de felicidade me sussurrava.

Ela dizia: Você já está vindo?

Eu respondia: Não, ainda não, mas queria estar ai!

Ela atendeu pedindo desculpas.

Eu desculpei, isso já não importava, como tudo sempre deveria ser.

Ela chega com seu carro preto, abre o portão, abaixa o vidro e me da um olá.

Eu esperava entre a parede e o carro.

Ela desliga o motor, e de costas para mim fecha o carro e se arruma.

Eu me pergunto o que estou fazendo ali, é isso mesmo que eu quero, nosso amor já não acabou?

Ela então se vira, aqueles dois globos oblíquos e dissimulados, os olhos de ressaca, levemente ressaltados por uma maquiagem escura já borrada me olham do jeito que uma mulher nunca deveria olhar um coração despedaçado.

Eu a observo com meu olhar tímido, admiro seu lindo vestido preto, vejo seus braços nus, sua pele branca entre as alças que distraem meus desejos.

Ela coloca sua bolsa no ombro direito, hesita em dar um passo em minha direção, mas abre seus braços.

Eu somente queria ter-la em meu coração a abracei como se os dias que estive longe fossem uma eternidade, toquei sua testa com meus lábios como pudesse reviver cada momento de nosso romance do mais frio dos verões.

Ela diz: Tinha esquecido como você é quentinho.

Eu, naquele instante prometi que não a esqueceria.

Ela me deitou em sua cama, confessou suas duvidas, seguiu o conselho da Bel e adormeceu com um discreto sorriso.

Eu dormi pouco neste dia, velei seu sono, acariciei seus cabelos, como naquele primeiro dia. Pensei no “Eu Te Amo”, mas só falei você cheira gostoso.


Saiki Koala Guitar