domingo, 3 de maio de 2009

Carta de Goldmund a Narciso

Hoje o show vai ser mais cedo,
Vai dar tempo de conversar
Vamos tomar uns goles no frio de Curitiba
Chamem o Adilson, chamem o Léo,
Estamos partindo pro Rio
Vamos ficar no Bil. Posto Nine Arpoador
White russians más intenções
É uma pena você não estar aqui...
Pra que tomar banho, vamos pra BH
No show de amanhã os caras do Dreadfull vão estar

"Ontem o Hermes perdeu mais um emprego
E eu não tenho a mínima vontade de trabalhar,
O Nô tá estressado
E o Mumu disse que nunca mais vai se drogar"

Chegamos em São Paulo
Liga logo pro Tibiriçá
Estou morrendo de saudade
Da sua cara de bolado
Não temos onde dormir,
Talvez o Tucha e o Zé Calcinha
Possam passar no metrô e nos dividir
Ganhei um zine e uma demo muito legal
Ontem na galeria o mau humor era geral
Falei com o Josú,
Amanhã vou pra casa do Zimath
Não há com o que se preocupar.

"E quem precisa do teu futuro?
Quem se importa com a tua previdência?
Hoje terei a arte de um romance
E outra cama para me deitar.
Sinto um pouco de saudades de casa, mas isso vai passar.
A Bia disse que está fazendo algo novo em Brasília,
E o Fabiano quer que a gente toque no nordeste.
Vamos amigos usufruir da solidão da estrada ..."
Projeto Peixe Morto

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Uma hora já havia transcorrido - jamais Goldmund vivera uma hora mais longa. A conversa e as carícias dos estudantes se esgotaram; eles ficaram sentados em silencio, constrangidos, e Eberhard começou a bocejar. A moça disse entao que era hora de irem embora. Levantaram-se, despediram-se dando a mao à moça, Goldmund por último. Konrad saiu pela janela, seguido de Eberhard e Adolfo. Quando Goldmund ia transpor a janela, sentiu uma mao segurando seu ombro. Nao pode parar e somente quando já se encontrava do outro lado, nao chao firme, é que se virou lentamente. A jovem de tranças estava debruçada na janela.

- Goldmund - murmurou. Ele estacou. - Voce vai voltar? - perguntou, a voz tímida nao passava de um sopro.

Goldmund sacudiu a cabeça. Ela estendeu as duas maos, segurou sua cabeça e ele sentiu o calor daquelas maos pequenas em sua fronte. Ela debruçou-se ainda mais, até que seus olhos escuros encontraram os deles.

- Volte sim! - murmurou ela, e sua boca tocou a dele num beijo infantil.

O rapaz saiu correndo, atravessou o pequeno jardim, escorregou nos canteiros, cheirou terra molhada e esterco, feriu a mao numa roseira, pulou uma cerca e seguiu estabanadamente os companheiros para fora da aldeia, em direçao à floresta. "Nunca mais", ordenou sua vontade. "Amanha, novamente!" suplicou seu coraçao.

Narciso e Goldmund - Capítulo 2
Herman Hesse

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Estao ai os originais, para a ideia das cartas.

De fato Goldmund nunca mais voltou à aquela aldeia, mas voltaria se o capítulo nao fosse o segundo.

O pecado e a tragédia ja foram escritos só me resta mostrar como Vane é linda ao representar e Sibyl foi morta ao amar.

boa noite

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